Para a minoria da populacao mundial que nao sabe, informo que passei grande parte do Verao a arranjar um anexo na casa dos meus avós no Faial. Parte da grandiosa obra consistia em forrar algumas paredes com madeira, de forma a resolver problemas de humidade. Assim, muni-me da magnífica serra de recortes manual do meu vizinho, Mestre Manuel Eduardo, que, nao sendo a mais adequada para o efeito (uma serra rotativa fixa teria sido muito mais funcional), deu para fazer o trabalho. Naturalmente, ganhei alguma experiencia na tarefa, já de si fácil, de medir, cortar e encaixar as tábuas de forro umas nas outras.
Chegado 'a minha primeira residencia Holandesa, verifiquei que o meu senhorio tinha estado recentemente a forrar o chao com aqueles "parquets" de madeira prensada - "It was a bargain! - dizia ele, lembram-se? - I just had to pick them up at Amstelveen, they were almost for free! I looove bargains!".
Na realidade, embora de madeira prensada, o soalho valorizava bastante o espaco tornando-o mais acolhedor. Como faltavam ainda algumas divisoes por terminar e ele estava com uma tosse crónica há dias, resultado da inspiracao do pó fino do corte da madeira, ofereci-me para ajudar a terminar as divisoes em falta - pelos vistos, o bom pulmao Holandes deixa muito a desejar em relacao ao congénere Portugues! Vai daí, o que me esperava? Certo! Uma serra de recortes manual e a fatídica pergunta: "You can saw?". Sim, eu can saw, pensei...
Ao mudar-me recentemente para a nova casa, fiquei a saber in loco que o soalho estava ser colocado e, adivinhe-se, era de madeira prensada. O Mestre de obras responsável pela sua colocacao era um simpático Surinamense (amigo do meu senhorio também Surinamense, Armand) com a provecta idade de 72 anos. Naturalmente, o ritmo de medicao, corte e encaixe do soalho estava longe de ser supersónico... Como ja era quase noite e ainda faltava meio quarto (e eu já lá de armas e bagagens, pronto para me instalar), lá disse as palavras mágicas "Maybe I can help...". E eis senao quando, inesperadamente, e de serra de recortes manual em punho, vem o Armand acompanhando o seu sorriso branco e robusto com a fatídica pergunta:
- You can saw?
You can saw?
sábado, 18 de outubro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário