Juan y sus tiburones

segunda-feira, 13 de outubro de 2008




O Juan entrou pela porta do centro era quase noite perguntando se alguém falava espanhol. Quando eu disse que sim (eles pensam mesmo que isto que eu falo é espanhol...fantástico), ele ficou todo contente, pois o inglês de um espanhol é algo fabuloso (ver post lisboa-madrid).
Depois de falarmos um pouco, decidiu-se a fazer o curso avançado, pelo que marcámos os dois primeiros mergulhos para o dia a seguir de manhã. No dia seguinte não tínhamos mais ninguém para mergulhar de barco, pelo que tive de ir sozinho com o Juan. Oh que chatice! Um barco com 3 tripulantes preparado para 14 mergulhadores só para nós. Mas a coisa ainda piorou quando o Juan me disse que queria ir ver tubarões. Epá...isso é mesmo uma chatice, pensei eu. Nem sabia o que nos esperava!

Vento com rajadas e ondulação dentro do atoll (algo que nunca tinha visto) foi a visão que tive de manhãzinha, pelo que comecei a ver a minha vida a andar para trás. Falo com o capitão que me diz que para onde eu quero ir não é boa ideia. Então onde se podem ver tubarões? Ele fala com os outros tripulantes, pondera e diz: “ok”. Ou seja, íamos para o sítio que eu tinha sugerido inicialmente. Que raio, pensei eu. Então não era boa ideia e agora já é? Bem...logo se verá.
Passados 45 minutos chegamos a Hafza Thila, ou seja, recife submarino de Hafza. Entro na água sem equipamento para ver de que lado está a corrente e logo percebo que aquilo não ia ser fácil.

Em poucos segundos vou duma extremidade do recife para o meio do mesmo, pensando para mim mesmo que teríamos de fazer uma descida radical. Volto ao barco e digo ao Juan que teríamos de entrar na água e descer de imediato para águas profundas antes do recife. Se caíssemos em cima dele, nem tubarões nem nada, pois seríamos logo arrastados dali para fora.
Digo ao capitão que preciso que ele nos largue antes do recife de modo a termos tempo de descermos antes de cairmos em cima do mesmo.

Entrados na água, começamos de imediato a descer e deparamo-nos com o seguinte cenário: tudo o que era peixe estava alinhado com a corrente sem sair do sítio de modo a não ser arrastado para fora do recife. Parecia um desfile militar russo de peixes, tal a ordem e alinhamento existentes. Após uma descida rápida, estamos a 15m e eis que surge o primeiro: um tubarão de recife de pontas brancas de 1,5m...de repente um tubarão cinzento de 1,80m...e outro....e mais outro..este último com um juvenil a nadar por cima e 2 rémoras por baixo. Atuns com mais de 1m começam a circundar-nos, alguns a menos de meio metro de nós, e percebemos que estamos num vórtice naquele ponto.

Todo o ecossistema gira à nossa volta! Descemos para os 25m para nos agarrarmos a uma rocha e apreciarmos o cenário por cima de nós. Ficamos ali tempo sem fim e se não ficámos boquiabertos foi porque o regulador caíria da boca! Foram 30min de constante virar de cabeças para vermos todos aqueles predadores em acção, nadando dum lado para o outro. O resto do mergulho? Nem me lembro. Sei que foram dos 30 minutos mais espectaculares da minha vida. Pena estes tubarões não terem mais de 2m, mas esse dia chegará!

1 comentários:

Capuchinho Vermelho disse...

Sim, com metro e meio não é tubarão que se preze! Ao menos que tenha abertura suficiente de boca, é que assim é um desperdício de filet mignon...