Darwin, o fabuloso

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Darwin faria hoje (12-02-2009) 200 anos se fosse vivo, pelo que o DN decidiu assinalar o evento com uma reportagem que faz luz sobre as desconhecidas façanhas de Darwin, que não se limitou somente a revolucionar a maneira como vemos a vida à face da Terra, conforme pensávamos até hoje.


Senão vejamos:


"O naturalista inglês Charles Darwin nasceu há 200 anos em Shrewsbury, na Inglaterra. A viagem que fez à volta do mundo no famoso navio 'Beagle' acabaria por mudar a sua vida e repercutir-se profundamente na ciência. Mas não se livrou de polémica"


Este primeiro parágrafo prepara-nos para a excitação da revelação dos seguintes parágrafos. Só por isto se pode constatar que a jornalista aspira (acho que se varrer já é muito) a ser uma grande escritora dramática.


"Quando embarcou, em 1931, como naturalista, no HMS Beagle, para uma viagem que devia durar dois anos, Charles Darwin não sabia que isso iria mudar a sua vida e muito menos revolucionar a história da ciência e a forma como a humanidade se vê a si própria e à vida."


Meus amigos...Darwin foi um homem mesmo fabuloso. Imaginem que apesar de ter nascido há 200 anos (em 1809 portanto), embarca em 1931 (com 122 anos) numa viagem à volta do mundo. Convenhamos que é preciso muito optimismo pensar-se que se consegue chegar ao fim da viagem quando se parte já com aquela idade. Mas o virtuosismo de Darwin não se esgota na sua longevidade, não.


"Em vez de dois anos, Charles Darwin esteve cinco anos em viagem à volta do mundo".


Ah, pensam vocês. Era mesmo um temerário. O tempo para ele não era nada! Mais à frente percebemos, graças à brilhante jornalista de investigação, porque Darwin brincava com o tempo.


"Darwin regressou a Inglaterra em 1836 e nos anos seguintes, publicar um livro sobre a viagem e desenvolveu o essencial da sua teoria da evolução".


A jornalista ficou tão excitada ao descobrir que Darwin não somente dominava a teoria da evolução das espécies, como também era capaz de viajar no tempo (partindo em 1931 tinha chegado em 1836) que até perdeu a coerência verbal. Compreensível, perante tamanha descoberta jornalística.


Mas Darwin teve de vencer imensos obstáculos, nomeadamente a lentidão das tecnologias da época, tendo esperado pelo século XX para dar a conhecer ao mundo a sua descoberta.


"embora só tenha publicado On the Origin of Species (A Origem das Espécies) em 1959"


De facto, apesar de ter regressado em 1836, decide publicar o livro somente em 1959. Darwin, ao viajar no tempo, sabia que iria ser bastante famoso, pelo que teve de esperar por uma época em que as editoras livreiras tivessem capacidade de responder à procura. Um visionário!


Meus amigos leitores. Vivemos numa época de maravilhas. E esta jornalista de seu nome Filomena Naves merece um lugar de destaque...só não sei se entre os cães de louça do Rouxinol Faduncho se entre duas bananeiras da Dona Delfina...decisions, decisions.


Ah...Parabéns Darwin...apesar de não viajares no tempo :)


citações in DN, 12-02-2009, versão electrónica

Passando sobre Omã

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



Quando se pensa em Omã, que se pensa? Nada, pois. Não me recordo de alguém famoso de lá ou que por lá tenha feito algo sequer. Como não gosto de me confrontar com a minha ignorância, fui ao google dar cabo dela. Descobri que governámos a costa de Omã (a sua costa) durante 150 anos até que fomos de lá corridos pelos Otomanos. E depois querem a Turquia na UE!!! Descubro também que vivem do petróleo, facto muito original nesta região.
Mas porque falo de Omã? Desta vez, na viagem do Qatar até às Maldivas vim com céu descoberto e de dia, pelo que pude dar uma boa vista de olhos no país em questão.
Imaginem que viajam a 940km/h e durante largos minutos só vêem areia, mais areia, alguma areia ainda e finalmente mais areia.



Estimulante, não? Contudo, repentinamente, o cenário muda e aparece uma cadeia montanhosa (calculo que montanhas de Hajar...obrigado enciclopédia britânica) com vales onde se avistam aglomerados populacionais. Um vale e umas casas...estradas de terra que percorrem as montanhas e que se estendem deserto rochoso fora sem que se veja destino. Estradas que vêm de lado algum e que se cruzam com destino a lado nenhum visível. E isto visto de cima...imaginem a conduzir na estrada...a perspectiva de infinidade do horizonte...deve ser fabuloso.
Mais montanhas, mais aldeias/vilas e assim continua. Pergunto-me se aquelas pessoas se sentem isoladas. Vivem com mais umas dezenas ou centenas de pessoas e para irem a algum lado perdem horas ou dias a fio. Será sequer que têm meios para se deslocarem? Como vivem? De que é feito o seu dia-a-dia? Serão felizes? Como?
Finalmente penso que se um habitante de Omã (omanense, omaniano ou omani de acordo com a Wikipedia) passasse de avião sobre uma ilha dos Açores pensaria o mesmo e sinto-me um bocadinho mais feliz por elas. Afinal o isolamento está somente em nós, pois ao contrário das aves que só podem voar com o corpo, o homem pode voar sempre que quer. Chama-se imaginação e capacidade de sonhar!

Em Madrid numa Lunes

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Decido ir de Metro até ao centro de Madrid. Descubro que foi uma opçao inteligente, pois ontem tiveram um nevao que bloqueou tudo, inclusive o aeroporto umas horas. Os madrilenos têm 2 tipos de carruagens: umas todas modernaças que servem a linha do aeroporto e umas que me fazem lembrar as de Lisboa de há 20 anos que servem as do centro da cidade. Assim sendo, é como fazer uma viagem no tempo, ao ponto de até terem um Manolo a tocar musica popular espanhola num acordeao para dar aquele ar antigo à coisa. Pronto, se calhar o senhor que tocava acordeao e a quem eu dei uma moeda nao é empregado do metro. Mas ficava bem! Está frio, chuvisca, mas eu sou um homem afoito (e com um belo casaco), pelo que após 50min de viagem por 4 linhas diferentes chego à estaçao de Atocha.

Saio, oriento-me pelo mapa, sem indicaçao do Norte, que me deram no turismo e vou ao museu da rainha Sofia. Depois duma corrida pela secçao de "arte" moderna chego ao que queria. Picasso, Miró e Dali com fartura para além de outros pintores como Francis Bacon (começa amanha uma exposiçao de Bacon no Prado que eu perdi por 1 dia!!!!).

Guernica é impressionante, tal como todas as obras de Picasso. É claro que qualquer destes senhores acima sofria de fortes problemas de foro psiquiátrico, e nao digo isto somente por serem espanhois, que eu cá, ao contrário do que pensam, nada tenho contra as criaturas. Já bem lhes basta nao terem podido escolher onde nasceram.
De todos prefiro Dali pela profundidade e pelas cores, sem contar com a variedade dos temas. Fiquei a reflectir porque estaria um enorme gafanhoto de patas para o ar na tela "O Grande Masturbador". Apelo ao vosso espírito crítico e imaginativo para lançarem dicas nos comentários!

Termino a visita e saio para a rua de olhos bem abertos e nariz bem fechado, pois o frio gelava-me a canalizaçao respiratória. Como qualquer coisa no MacDonald's (sim, tapas e bocadilhos comam-nos vocês) e desato a percorrer o maior número de atracçoes possível sempre com um céu escuro e chuviscos constantes. Entre jardins, igrejas e afins passam-se 2 horas de sorte com o tempo, pelo que decido nao arriscar mais e enfiar-me no metro para regressar seco e a tempo ao aeroporto.

No regresso reparo na diferença entre os viajantes das diferentes linhas, do espanhol popular às senhoras bem, conforme as zonas por onde passamos. Um dia voltarei...sem ser numa Lunes!

Mais um Lisboa-Madrid

Mil desculpas aos leitores deste blog (todos os 5), pela ausência de posts durante estas duas semanas, facto que deve ter causado imenso transtorno na paz mundial e até na Madeira.
Ora pois cá estamos nós em mais uma viagem ao outroladodomundistao. Para começar a viagem esqueci-me do telemóvel em casa, pelo que o meu irmao teve de voltar a casa e trazer-me o dito na hora de ponta. Imagino que o "taxi" tenha voado para ele o conseguir em 45min.

Voltei a viajar na Iberia até Madrid, tendo a simpática companhia voltado a nao colocar ninguém a meu lado. Será que sou VIP (Very Important Pathogen)?
Sento-me no meu lugar à janela (como se Barajas visto de cima fosse mais giro que de lado) e de imediato reparo no orgulho castelhano na sua história. Imaginem vocês que em todas as costas das cadeiras está a frase: "Abrochese el cinturon". Sem dúvida uma referência elogiosa a um cavaleiro medieval de seu nome "El Cinturon" perante o qual todos se deviam ajoelhar no seu tempo. Comovente, sem dúvida!

A viagem decorre sem grandes sobressaltos chegando com pouco atraso a Madrid. Desta vez só viajo com mochila, pelo que vai ser uma barrigada de museus, tinha eu decidido. Dirijo-me de imediato ao guichet informativo e pergunto pela estacao de metro para o Museu Thyssen.
"Ah, está fechado...hoje é Lunes!" E o Prado? "Fechado". Percebo enfim que tudo está fechado à segunda-feira. Lindo! E eu com 8 horas para matar.

A menina saca dum livro turístico e abre na secçao: "Que hacer los lunes", em Português: "para os tansos que vêm a Madrid por um dia no dia em que está quase tudo fechado". Se pensam que a minha traduçao nao é fiel por parecer muito comprida, relembro que as traduçoes sao uma arte por vezes oculta conforme todos sabemos graças à RTP e afins.
Pois bem, a caminho de Madrid numa "Lunes"...