Reunião em Gaathafushi

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Todas as segundas existe uma reunião de pessoal às 18h00 quando fechamos o tasco, sendo que uma vez por mês é em Gaathafushi. E o que é Gaathafushi, perguntam vocês? Pois bem, Gaathafushi é uma ilha mínima, sem iluminação, com um diâmetro de 100m que alugamos para jantares românticos privados, onde se colocam tochas para iluminar a zona da praia até à mesa de madeira, a qual está coberta com um toldo de madeira estilo palhota. Tudo isto rodeado árvores tropicais. Ao melhor estilo reality show portanto.
Carregámos a geleira com bebidas, levámos algumas outras para fazermos uns cocktails e zarpámos em direcção à reunião.
Chegados lá (em 2 viagens, pois o barco rápido não pode levar o staff todo duma vez), instalámos as coisas, acendemos as tochas e reunimo-nos com as bebidas em círculo na areia. Olho para o céu estrelado, depois para o mar, onde se vislumbra a ilha de Fesdu (onde está o resort) e reparo que deve ser das reuniões de empresa mais fantásticas que se podem conceber. Não sopra uma brisa que seja e os assuntos da reunião são corriqueiros. Exemplo? Não se pode levar pessoal com mais de 110kg a fazer parasailing senão aquilo não descola e faz-se parasurfing. Eu proponho comprarmos uma balança para pesarmos os clientes, mas alguém acha que isso feriria susceptibilidades. Não sei porquê. Ou se tem mais ou se tem menos. Se tem mais, azar, mas pronto...em frente.
Acabada a reunião, contámos histórias, rimos daquilo e daqueloutro e divertimo-nos com o Haleem sempre a fazer partidas como amarrar garrafas às costas do pessoal sentado ou cavar um buraco atrás aqui do vosso amigo para quando eu me reclinasse cair. De repente, o Monsoor (capitão) diz: vem aí uma tempestade. Rimos todos da impossibilidade de vir uma tempestade e a coisa continua. Finalmente, faz-se tarde e começamos a arrumar as coisas. Chegamos à praia de acostagem, carregamos as coisas no barco e os primeiros partem. Mal deixam de ser visíveis, chega uma rajada de vento que nos deixa apreensivos. Um pingo, outro...corremos para debaixo do chapéu-palhota e eis que cai um dilúvio tocado a vento. Por momentos que parecem infindáveis deixa-se de ver a ilha de Fesdu. Será que eles conseguem navegar até lá? (este barco não dispõe de ajudas à navegação, pois é para viagens curtas). A chuva aumenta de intensidade, tal como o vento e nem debaixo da palhota estamos completamente secos. Passados alguns minutos, ligamos ao Monsoor para lhe dizer que não nos venha buscar já, pois é melhor deixar passar a tempestade. Tarde demais, pois já vem a caminho. Mas vem a caminho do quê? Se nós não vemos a ilha de Fesdu que é toda iluminada como pode ele ver uma ilha que não tem luz alguma no meio da escuridão? Confirma-se. Ele está a meio caminho sem saber que direcção seguir. Precisa de esperar para ver a ilha de Fesdu por trás para depois chegar até nós. Como não sei.
A ansiedade aumenta. E se eles batem num recife? E se se perdem no meio do atoll? Levaram luzes? Que saibamos, só uma lanterna forte. Decidimos ir para o meio da tempestade com as lanternas dos telemóveis fazer sinais em direcção ao mar, pois mesmo sendo luzes fracas, na escuridão poderão ser visíveis. Duvido que a chuva deixe a luz passar mais do que 50m em direcção ao mar, mas junto-me ao grupo. Por esta altura nem contacto telefónico conseguimos com eles, sendo que estamos todos ensopados. Felizmente a temperatura continua agradável para mim, embora haja quem se queixe do frio, pois a chuva é acompanhada de vento. Passam minutos sem tempo, minutos de ansiedade e alguma preocupação, não tanto por nós, mas pela tripulação algures no mar. De repente vislumbra-se a ilha de Fesdu, e ao mesmo tempo, a lanterna que eles trazem. Acenamos com as luzes dos telemóveis, mas não é preciso...eles já vêm na direcção certa.
Mais um minuto e estão no canal de acesso à praia onde nos recolhem. Ficamos todos felizes por nos reencontrarmos e encetamos o caminho de volta, pensando que um duche quente será o final perfeito para esta “reunião”!

P.S. Após tomar o meu duche, está na altura de ir abrir o meu Porto. À vossa meus amigos!

4 comentários:

Paulo Paixão disse...

Ora então, um brinde a tí também! Eu, o Hugo e o Tapadas já hoje fizemos um brinde por aquela razão que tu também sabes!!

Um abraço

Paulo

A Dona do Phil disse...

tu vê la se o steven spielberg
apanha este blog!!!Olha os direitos de Autor!

Rafael Fraga disse...

Onde está o naufrágio, o sangue, os mortos, a dura sobrevivencia numa ilha deserta, o risco de insolacao, a ausencia de desodorizante... nada? Nem um só acto de canibalismo, nem uma garrafa (de Porto?) atirada ao mar?

Bah, quero o meu dinheiro de volta...

Paulo Luís disse...

Mas tu achas que o vinho do Porto foi fácil de arranjar para o mandar ao mar? Nem que me afogasse com ele :P