Madrid, dia 2

terça-feira, 28 de abril de 2009

Goya, Picasso, Velasquez, Bosch, Rafael, El Greco, Gauguin, etc., etc., etc.

E nenhum deles tinha fechado para obras...fantástico!

Madrid, dia 1

Finalmente durmo sem hora para me levantar. Depois duma noite em que “fui” ao kuwait e acabei na grécia sem dormir, seguida duma noite dormida a correr, dormi tudo a que tinha direito.
Deste modo, o dia ficou mais curto, tendo programado somente uma visita a uma zona onde poderia visitar o Museu Romântico, a Igreja de Santo Antão, a Igreja de Santa Bárbara e a Praça de Colon.
Chegado ao Museu Romântico, o mesmo encontra-se fechado para obras, pelo que com um suspiro dirijo-me à Igreja de Santo Antão. Em obras...abre às 19h00 só para a missa. Bem, perante factos não há argumentos, pelo que vou para a Igreja de Santa Bárbara...fechada!




Decididamente eu e Madrid temos um problema. Se é por ser Lunes é porque é Lunes...se não é Lunes está tudo fechado na mesma.
Bem...à praça de Colon. A praça está aberta (reparem como me abstive de dizer que era a de colon que estava aberta de modo a manter o nível do blog) e, espantosamente, não está em obras. E sim, a quantidade de trocadilhos que se podem fazer com esta praça é extraordinária. Eu fico-me por esta foto das Flores de Colon com serviço ao domicílio, embora exista o metro subterrâneo do Colon, as Torres do Colon, enfim, uma infinidade de trocadilhos disponíveis cortesia dos nuestros hermanos.



Dum dos lados da praça está a biblioteca nacional de Espanha que tem uma exposição tremenda sobre a Malária. Meus amigos...de facto, eu sou um tipo com sorte. Ando quilómetros a pé em Madrid e no final sou recompensado com uma exposição sobre a malária, o seu veículo transmissor, as técnicas de combate à doença ao longo dos tempos, etc., etc., etc.. Ah...a felicidade dumas férias culturais!


Decido que o melhor é ir jantar que ao menos de estômago cheio ando mais satisfeito. Opto por um “típico” restaurante espanhol chamado Wok onde como uma salada cantonesa de pato com legumes e um gelado de baunilha.

Pronto, agora estou pronto para o ponto alto do dia: um bar de jazz ao vivo chamado Bogui Jazz Club. Apanho o metro e dirijo-me para a Chueca, zona equivalente ao bairro alto onde todo o tipo de fauna pulula. Saio do metro e pergunto a um puto empregado de mesa numa esplanada se ele sabe onde é a “Calle Almirante”. De imediato diz com um ar imensamente resoluto e esclarecedor: “pois bem, está a ver aquela cabine telefónica ali? Na parte de trás está um mapa da cidade...é que eu não faço ideia de onde seja”. Desmancho-me a rir com ele e animado com a piada dirijo-me ao mapa, o qual para não tão grande espanto meu, a dita rua não consta.
Vou resumir a meia-hora que se seguiu onde dei voltas sem fim pelo quarteirão procurando a rua. De repente um porteiro dum bar diz-me que fica a 100m do ponto inicial onde estive. Ah...finalmente...ainda chego antes do concerto das 23h00, penso. E eis que chego ao Bogui Jazz Club.


Maravilha, encerrado pelas autoridades em Outubro. Ainda bem que dei a volta à cidade para ver este papel! Volto ao dito porteiro e pergunto se há algum bar de jazz ao vivo por perto. Ele não sabe, mas pergunta a outro tipo que estava ali na conversa. Dizem-me que o Gula-Gula tem espectáculos ao vivo e que fica perto. As indicações são boas, pelo que em 2 tempos e meio estou no Gula-Gula onde sou recebido por um travesti “loiro” e um puto de tronco nú com uma coleira sado-masoquista. Afinal o bar não era de jazz, mas sim de espectáculos travesti e derivados.
Dei corda aos sapatos certo que a minha cama não estaria fechada para obras nem só abriria para a missa das sete. Domingo era dia de Prado e Thyssen!

Futebol, língua universal

O táxi que me leva do museu arqueológico nacional em Atenas até ao meu hotel é conduzido pelo Vassili, cujo inglês é, no mínimo, rudimentar. Acho que este nem por fax ao domingo! Mas continuando.
Digo que quero ir para o caravelle na rua King Alexandre, tendo como resposta que “caravelle no alexandras” e uma cara de discordância.
Digo-lhe que é no “back do Hilton” e tal, mas a coisa não vai lá. De repente diz-me...”ah..King Alexandro” e faz uma cara de concordância.
O meu grego é mesmo mau. Digo-lhe que na Escola Secundária da Pontinha não tinham grego, mas ele parece não perceber.
Bolas, eu consigo comunicar com qualquer um. Não vai ser o Vassili a derrotar-me. “And the crisis? Small tourists?”, pergunto eu. Pode ser que com inglês do Zézé Camarinha a coisa vá. Não, não vai. Ele responde-me em grego qualquer coisa...acho que: “o euro tá caro”.
Hum...ora se o tempo não dá para falar, a crise também não e o gasóleo não tá caro, como o meter a falar?
You Olympiakos ou Panathinaikos? Pronto...grande sorriso e diz com orgulho: “Olympic”. Aponta para mim e eu digo: Benfica...Katsouranis. Sai do outro lado uma gargalhada e as palavras: “very good”.
Pergunto pelo Fernando Santos (ndr: treinador tuga na grécia) ao que ele responde: “Salonica...very good Fernando Santos”...e ri-se bem disposto.
Vamos os dois com um sorriso na cara até ao hotel despedindo-me eu com um “good luck to you and Olympiakos”. De imediato ri-se alto e aperta-me a mão com força ao despedir-se.
E ainda há quem despreze o futebol, verdadeiro unificador de povos e culturas!

Não tenho foto do Vassili, mas aqui fica uma foto duma viela do Dubai com o Cristiano Ronaldo em grande destaque

A caminho de Delphi


A viagem para Delphi é longa, pelo que aproveito (como se tivesse sido opção minha) para dormitar no autocarro que nos leva. Para não destoar do avião da OA, também o autocarro é último modelo...doutro filme do Bruce Willis da década de 80.
Mas ao menos tem uns tampões todos giros. O que vale é que em Portugal ainda não se lembraram do tuning de autocarros, senão já estou mesmo a ver o pessoal a ir para a Caparica com uns grandes néons e um escape daqueles de relembrar o terramoto de 1755. Ou então o cacilheiro para a Trafaria com um grande sonoro a bombar e umas saias laterais. Enfim...deixa-me estar calado antes que alguém leia isto e tenha ideias.

A guia de seu nome “algo que agora não me recordo” falava um excelente francês e um não excelente inglês, pelo que ao adormecer recordo a minha professora de inglês do 11º ano de seu nome “algo que agora não me recordo”. Engraçado...têm o mesmo nome...e pelo inglês devem ter andado na mesma escola!

Acordo de repente e vejo o condutor a fazer uma ultrapassagem numa curva com duplo risco contínuo sob chuviscos ao mesmo tempo que a guia diz: “the olive oil is against cancer”.
Meus caros, não sei como vos dizer isto, mas nunca acordei tão depressa na vida. Do dormir alheado do mundo real a pensar que ia passar para o outro mundo foi uma fracção de segundo. Creio que até o meu cérebro deve ter ficado congestionado com tanta informação de valor. Ou um despiste ou um azeite que não gosta de cancros, sendo mesmo contra eles. Imaginem que o azeite era a favor do cancro. Bem, se há gente que vota no Sócrates, não sei porque não poderia ser o azeite a favor do cancro. Ao menos o cancro não precisou dum fax ao domingo para poder lixar o pessoal! Ah...esperem...já sei...a guia também fez inglês técnico por fax ao domingo. Como é que não me lembrei disto mais cedo? Devo ter mesmo ficado com o cérebro danificado com o susto!

Do Dubai para Atenas

Chego ao aeroporto do Dubai pronto para o meu vôo directo que me levará a Atenas durante a noite, para logo às 07h30 da manhã começar uma excursão de mais de 300km a Delphi.
Entro no avião da Olympic Airways e fico atónito. Esperem lá. Mas isto é um cenário dum filme do Assalto ao Aeroporto? É que desde o avião em si aos assentos poídos, passando pelo vídeo de segurança e toda a organização geral, eu acabei de andar 20 anos no tempo para trás. Ah...à excepção dos assentos que esses devem ter nascido há mais tempo!
Fala o comandante: “ben-vindos ao voo da Olympic Airways com destino ao Kuwait...”Mau! Com destino ao Kuwait? Querem ver que estou a viver a anedota da loira que queria ir para Paris em primeira classe com bilhete de económica? (quem não a souber é favor enviar email que pela módica quantia dum leitão da bairrada ficará conhecedora da dita).
Continua o comandante: “...faremos uma escala de 40 minutos no Kuwait seguindo de imediato para Atenas, nosso destino final”. Menos mal. Afinal o vôo não é directo como eu tenho no bilhete, mas ao menos acabará por ir para onde eu quero ir. Isto da poupança nas companhias aéreas levar ao sistema de combóios com paragens em várias estações e apeadeiros até teria a sua piada, não fosse eu ter uma excursão bem cedo. Ao menos a sandes que me serviram não tinha validade de um ano. Nem de um mês, nem de um dia, nem validade alguma já que perguntam. Deveria ser de consumo instantâneo e ter sido feita pelo co-piloto antes de descolarem. Enfim...Olympic Airways nunca mais!

P.S. Consegui chegar in-extremis à excursão, cortesia do taxista que fez a viagem para Atenas à velocidade de 140 Km/h!

Urgências no Dubai

Peço ao taxista para me levar ao Textile Souk, não prevendo a hora de ponta às 10h00 para entrar na baixa do Dubai. Aparentemente as obras andam um bocado paradas por causa da crise e tal.
É por estas coisas que se vê logo que um país não é desenvolvido. Em Portugal não é preciso crise alguma para as obras andarem devagar e devagarinho. Elas são assim por natureza só desenvolvendo miraculosamente à medida que a data de umas quaisquer eleições se aproxima. Como os Emiratis não têm eleições, arranjam razões como a crise para puderem variar o ritmo das ditas. Têm muito a aprender!
Enfim...voltando ao que interessa. Parado no engarrafamento oiço uma sirene a aproximar-se e, de modo imediato, os carros a criarem um corredor. De repente, mesmo ao lado da minha janela, passa uma moto da polícia. E com um polícia em cima!
Pensei ser estranho uma mota ir com urgência sozinha, pois não estava a escoltar nada, mas já se viram coisas mais estranhas. 100m adiante a minha curiosidade fica satisfeita, pois ao passar por uma bomba de gasolina lá está o polícia a abastecer a mota e já sem a sirene ligada.
Afinal a urgência dele era abastecer. Compreensível. Imaginem que são um polícia e que ficam sem gasolina naquela vestiota toda sob uma soleira desgraçada e têm de empurrar a mota!!!

Para os que estão a pensar que a urgência dele era outra e que ele só parou para abastecer, passados poucos minutos ele passa por nós em “modo silencioso”.


P.S. Não tendo podido tirar foto do polícia em questão, eis outra tirada numa estação de serviço

Museu do Dubai


O museu do Dubai tem várias características interessantes sendo a primeira o facto de ser subterrâneo. Sem dúvida que fica mais fresco.


O museu está bem concebido, com várias recreações dos artífices de tempos idos e da cultura beduína, hoje em dia “adaptada” aos tempos modernos nos EAU.


O museu optou por fazer bonecos de cera de tamanho natural para representar os seres humanos e, agora repare-se na “beleza” natural da coisa, empalhou todos os animais que necessitou para ornamentar as cenas.

O resultado final é um misto de encanto pela atmosfera criada que nos transporta no tempo e uma casa de horrores. Uma espécie de museu do Sporting portanto!

Negócios do Dubai


Chego ao Textile Souk, ou mercado do trapo em Português e, de imediato, sou abordado por vendedores que me tentam convencer a entrar no seu estaminé.
Acedo ao pedido do Ali e entro. O Ali tenta convencer-me de que uma camisa de algodão branca me fica a matar. A mim e a algum familiar meu, pois oferece-se logo para fazer um desconto por quantidade. Ainda estive para lhe dizer que pertencia à família do Duque de Bragança e que por isso queria 354 camisas de homem, ou melhor, do sexo masculino, mas duvido que o Ali percebesse a piada.
Saio da loja agradecendo a atenção e dizendo que mesmo por 40 AED não estou interessado, nem mesmo se ele juntar uns belos sapatos de senhora curvos na ponta.
Conheço de seguida o Abdulla Rac que me diz ter uns belos lenços de seda. Explica-me que os do Nepal são melhores que os da China, etc e tal perguntando-me de onde sou. Respondo que sou de Portugal, o que o leva de imediato a dizer com os olhos arregalados: “Figo!”. Escusado será dizer que passou de imediato a ser o meu vendedor preferido no mercado. No final da visita ao mercado volto à procura dele e compro um belo lenço de seda de caxemira liso por 40AED, o que deixou a ambos contentes.
Pelo meio conheço uma personagem típica destes sítios que me vendeu um lenço de caxemira estampado. Começou por pedir 250AED, tendo acabado por vender “contrariado” por 60. Acho que se tenho mesmo saído da loja, em vez de somente virar as costas e começar a andar, ainda o tinha comprado por menos. Enfim...negócios do Dubai!

Pobrezas

A pobreza é, sem dúvida, um conceito relativo. O que para uns é uma pobreza pegada para outros é simplicidade e para outros ainda um sonho.



Referia uma comentadora deste blog que já tinha visitado o Dubai e lá não havia pobreza.


Pois estou certo que estes senhores, tal como centenas de outros com que me cruzei, ora a bordo de barcos de carga tirados de filmes de há 50 anos, ora a pé puxando carros como este carregados de mercadorias, devem achar-se ricos na medida em que deverão estar melhor na vida que alguns compatriotas seus na Índia e no Paquistão, mas cá para mim, que devo estar mal habituado na vida, eles parecem-me mesmo pobrezinhos. Mas isto é para mim, claro.



Já este senhor também deve ser pobre aos olhos de alguns, pois não pode pagar uma casa com garagem tendo sido obrigado a ir ao Ikea comprar um toldo para o seu Porsche não apanhar sol. Ou terá comprado os toldos para que o indiano que todas as manhãs lhe lava o carro não apanhe uma insolação? Se calhar o indiano em questão não se acha pobre. Na Índia se calhar trabalhava sob o sol forte e ganhava menos. E, de repente, o indiano é mais rico que os outros indianos, sendo o dono do Porsche mais pobre que os outros que têm garagem.


E eu que não tenho Porsche nem indiano para me lavar o carro, mas tenho garagem?

No Dubai

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A estadia no Dubai está a revelar-se fascinante, não pela parte moderna e extremamente rica da cidade, mas sobretudo pelos contrastes e pelo contacto descontraído com a população mais pobre e modesta. Deambular pelas vielas dos mercados antigos é uma experiência fascinante, mas não vou falar disso agora. Chegado a Portugal e com mais tempo contarei as peripécias que me aconteceram tal como outros episódios que ficarão na memória. Para já deixo algumas fotos para que fiquem com uma ideia.

Paragem de autocarro moderna com AC


Paragem de autocarro "convencional" com brisa a "refrescar" os 30 e muitos graus

A modernidade vislumbra-se ao longe, mas para alguns não passa disso mesmo...dum vislumbre



As mesquistas estão sempre presentes

Para quem já julgava ter visto tudo, eis um autocarro aquático

Tudo tem uma razão de ser

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Já em outras escalas em Doha me tinha perguntado porque razão eram os lavatórios nos lavabos do aeroporto tão baixos. Como não encontrei nenhuma razão mais óbvia, depreendi que era pelo facto dos locais serem de estatura mais baixa.

No entanto, desta vez fui esclarecido. Tendo comido uma sandes no “Costa Coffee”, vou aos lavabos para me refrescar e lavar a dentadura

Começo eu a escovar os dentes quando um indivíduo de veste branca se junta a mim começando a lavar as mãos. Depois das mãos começa a lavar os braços até aos cotovelos. Até aí tudo bem, nada de anormal. Era um tipo muito asseado, vá.
Eis que quando de repente, e enquanto me olha com um olhar divertido por eu estar a usar o lavatório para lavar os dentes, desata a lavar um pé. Olho em frente para o espelho e vejo esta imagem dum tipo a lavar os dentes e o outro a lavar os pés e, não sei porquê, espero ver o John Cleese entrar a qualquer momento.

Como diriam os Monty Python: “And now for something completely different”!

P.S. Para os que se perguntam, sim, acabou por lavar o outro pé também.

De Male para Doha

Já falei aqui no blog da qualidade do serviço a bordo da Qatar Airways, pelo que conto só algo que me fez rir bastante, sozinho no avião.

Um dos jogos interactivos disponíveis é o Quem Quer Ser Milionário na versão britânica, sendo que uma das perguntas era:
O segundo capítulo do Velho Testamento chamava-se (tradução livre):

a) Pisguem-se daqui
b)Vão-se embora
c)Ponham-se a andar
d)Êxodo

Ao menos há sentido de humor ao fazer as perguntas :P

O felizardo

domingo, 19 de abril de 2009

A pessoa que for o visitante nr 5000 do blog ganha um fantástico prémio. A possibilidade de fazer um comentário a este post a dizer que foi ele o felizardo com foto do monitor a confirmar que foi mesmo o 5000º.

Isso e o prémio "não tenho nada que fazer no trabalho por isso ando a ver blogs como este" :D

Uma refeição em Male

Chegado ao House Clover, perco 2 horas a tentar configurar o acesso à net. Vem o tipo da recepção, vem o tipo que percebe mais um pouco do que o tipo da recepção e finalmente vem o técnico de informática da empresa que presta assistência aos tipos que percebem menos do que ele.
Resultado? Nada de net.
Pois bem, perante este cenário, decido ir dar uma volta pela capital para espreitar preços de algumas coisas. Depois de 60 minutos de deambulanço decido que está na hora de voltar ao quarto, trocar-me e ir comer. Ao ligar o PC este detecta automaticamente a rede wireless e num piscar de olhos tenho net. Desconfio que a única coisa que deveria ter feito era reiniciar o pc. Abençoado Bill Gates que criou esta solução mágica para tudo: o reiniciar!
Vejo a ementa que tenho no quarto e fico impressionado pela variedade a preços relativamente baratos para um serviço de quartos que vão dos 8 aos 15 dólares. Decido ir à recepção saber a que horas posso comer e verifico pela cara do pessoal que não é uma pergunta muito comum. “Mas quer comer aqui? É que nós vamos buscar a comida ao restaurante ali abaixo na rua. Porque não vai lá?”. A sugestão agrada-me pois assim a coisa deverá ser mais rápida, penso.
Pois vira à direita quando sair da porta de entrada, primeira à esquerda e é o Symphony. Muito obrigado e a caminho.
Dou em 1 minuto com o sítio, abro a porta e deparo-me com empregados de camisa branca e laço preto, decoração toda em tons de vermelho com velas e mesas postas a rigor. O Chris de Burgh canta o “Lady in Red”. Não poderia ser mais apropriado.
Perante tanto requinte pergunto-me se estou no sítio certo, enquanto espero a ementa que me é trazida de imediato juntamente com uma garrafa de água. Abro e vejo de imediato que as sopas vão de 20 a 30 e os pratos principais de 60 a 150 mais 10% de taxa de serviço. Naquela fracção de segundo pensei que pela primeira vez na vida ia passar a vergonha de depois de estar sentado sair do restaurante sem pedir nada. Cum raio...esta refeição vai custar-me uns 100 dólares no mínimo...ai! Nada disso...aqui o preço não estava em dólares, mas sim em rufias, pelo que o belo jantar de sopa mais prato principal ficou-me em menos de 6 euros já com taxa de serviço incluída.
Acreditem que não ganhei para o susto!

Taxista em Male...profissão de futuro

Chegado a Male, começam as coisas à Maldivas. Falam da Jamaica como sítio “descontraído”, mas isto aqui não lhe fica muito atrás. Ou então são coisas que só acontecem aqui ao vosso amigo.
Saio do barco que liga o aeroporto à ilha capital e entro no primeiro táxi da bicha. Bagagens na parte de trás e digo ao taxista: house clover. É uma casa de hóspedes de fazer inveja a muito hotel que conheço em termos de asseio, serviços e simpatia do pessoal. Perante a cara de espanto tiro a confirmação de reserva enviada por email e mostro-lhe o nome. Faz outra cara estranha e pergunta-me se sei onde fica. Estive para lhe responder na língua dele que se soubesse era eu o taxista e ele o cliente, mas como não falo a dita, limitei-me a dizer que não.
Cria-se um silêncio e eu pergunto-me se haverá alguma câmara para os apanhados. Ele volta a dizer-me que não sabe onde é, o que me faz sugerir que pergunte a quem saiba. Aparentemente, ele não se tinha lembrado dessa possibilidade. Pega no rádio e pergunta. Do outro lado vem uma resposta que não lhe muda a expressão, pelo que adivinho a mesma. E agora, pergunto eu? Agora tem de sair, diz-me ele. E pronto...entro no táxi que estava atrás e preparo-me para o segundo take da cena.
Pois adivinharam...este taxista também não fazia ideia de onde era o house clover. Suspiro e digo: e não pode perguntar a quem saiba? Ele pega no rádio e faz a dita pergunta. Do outro lado deste rádio havia alguém mais útil do que do outro lado do primeiro rádio, pelo que de imediato ele arranca.
Depreendo que ele sabe para onde está a ir, mas só pelo sim só pelo não, decido perguntar, recebendo como resposta que ele agora está ao telemóvel, pois tinha acabado de meter o auricular.
Pelo tom da conversa e da risada, não lhe estavam a dizer o caminho, mas como ele chegou ao destino em 5min, tanto se me deu.
O preço da viagem? 30 rufias, ou seja, 2,5 dólares. Uma pechincha...entrei em 2 táxis por 2 euros...uma verdadeira experiência cultural ao alcance de qualquer um...nas Maldivas!

Do W para Male

Do W para Male

Na véspera da minha partida fui surpreendido com um cruzeiro privado ao pôr-do-sol no veleiro de 25m com umas bebidas e snacks a bordo com o staff todo. Muitos abraços, algumas lágrimas e os lugares comuns destas situações como dizer que nos veremos de novo, que o mundo é pequeno...enfim...aquelas coisas. Bebemos, comemos, dançamos e naquele momento a tripulação maldivana quer toda tirar fotos comigo, dizendo bananaaaaaaa para a foto...hábito com que os contagiei. Os sorrisos na face para as câmaras chocam com uns olhares tristes que se vislumbram quando a câmara não está presente. O mar está chão e o sol dum amarelo torrado perfeito. Não poderia pedir melhor festa de despedida!
Passa a noite devagar e acordo no dia da partida. Malas quase feitas, faltando saber exactamente a hora do vôo que isto dos táxis aéreos maldivanos é muito “flexível”.
Despeço-me daqueles que vou encontrando pelo resort, os quais me desejam boa sorte e tudo de bom na vida, regressando de imediato à tarefa que estavam a realizar, pois no resort nada pára por ninguém.
Malas feitas e pronto para partir, vou para o quarto descansar na hora e meia que falta até à partida, quando de repente toca o telefone e informam-me que afinal o vôo está adiantado uma hora, pelo que tenho de começar a ir para o cais de embarque.
Aos poucos começam a chegar os meus colegas, os quais um após um ficam a meu lado sem saberem bem o que dizer ou fazer. Durante aqueles longos momentos brinca-se com qualquer assunto tentando aligeirar um momento que todos sabemos que vai ser complicado. O hidroavião avista-se ao longe a virar, fazendo-se à amaragem e chegando ao pé de nós em menos de um minuto.
Abraços, sorrisos, palavras que ficarão guardadas, lágrimas quase perfeitamente contidas e está na hora de entrar no avião. Viro-me para trás antes de entrar e fica-me na memória aquela fotografia de todos alinhados no cais a acenarem-me, o que fazem até o avião ligar motores, rodar sobre si e começar a avançar em direcção à “pista” livre no mar. O peito contrai-se e naquele pequeno momento sou a cria cuja mãe fugiu para parte incerta. Vejo-os a acenar e dobro-me no avião para que me vejam a acenar pela mini-janela. Adivinho lágrimas e comentários, mas acima de tudo sinto emoções fortes e isso é insubstituível.
O acelerar dos motores relembra-me que a descolagem está iminente e no fundo do meu ser oiço a página que se vira ao vento...ao vento da monção que chega às Maldivas e que marca o encerrar deste capítulo da minha vida!

Partida

sábado, 18 de abril de 2009


Como sempre, na vida chega uma altura de partir, uma vez de um lugar, outra vez de nós mesmos.
Amanhã deixo de estar desterrado nas maldivas, deixando para trás uma experiência tão rica como estimulante.
Por isso, e durante um período de cerca de 2 semanas, andarei por vários países, tentando sempre que possível registar e partilhar essas experiências sempre gratificantes.

Até breve

Nouvelle cuisine

quarta-feira, 15 de abril de 2009


Já uma vez contei aos meus fiéis leitores (obrigado a todos aí em casa) quão fabulosa é a vivência gastronómica na cantina do pessoal, mas este episódio fez-me repensar os conceitos de palato, nutricionismo e inovação culinária.



Adivinhem vocês que um dos pratos disponíveis no buffet da cantina um dia destes era empadão. Mas não era um empadão qualquer não senhores, era um empadão único no mundo e até nos subúrbios. Não era de bacalhau, não era de carne, não era de peixe nem era de vegetais, era um fantástico empadão...de batata! E como é um empadão de batata? Simples...leva batata passada e cubos de batata cozidos...tudo coberto com uma fina camada de natas para lhe dar um sabor especial, claro.

Meus caros, nunca pensei ver tamanha originalidade culinária. Quem se lembraria de fazer um prato de batata com...batata?


É claro que esta iguaria abre as portas a todo um novo mundo palativo. Eis a ementa semanal que proponho:




Segunda: Empadão de batata


Terça: Posta de batata cozida com batata cozida e grelos de batata


Quarta: Hamburger de batata com batata frita


Quinta: Batata recheada com grelos de batata


Sexta: Batata à braz (grelos de batata fritos com batata frita)


Sábado: Batata à caçador (batata furada por chumbos no forno acompanhada de batata assada)


Domingo: Lasanha de esparguete (o dia santo merece algo especial)




E ainda dizem que não é possível fazer uma ementa variada com poucos recursos (à atenção da Ministra da Educação)

Des-terro absoluto

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Após alguns meses de des-terro absoluto por razões de força maior, gostaria de anunciar a lamentar ocorrência do meu regresso às lides bloguísticas. Para comemorar a efeméride, aqui vos deixo o novo visual, absolutamente refrescante, do nosso blog, em jeito de pronúncio do Verão que se aproxima.

Um episódio...

terça-feira, 7 de abril de 2009

De repente o capitão grita algo e lança-se ao mar completamente vestido desde o cais em direcção ao seu barco. O cabo de amarração ameaçava partir vergastado pelo vento ciclónico e pelas vagas que o assolavam. Pelo meio da chuva forte e dos relâmpagos conseguia-se ver que o barco batia no fundo quando a vaga passava.

Atarefados, alguns de nós amarravam cabos a mais cabos de modo a fazer 3 ou 4 cabos suficientemente compridos para chegarem do cais ao ponto onde se encontrava o barco. Salto para a água com máscara, tubo e barbatanas e começo a levar o cabo pelo meio do mar em direcção ao barco, mas a dois terços do caminho páro. Não era suficientemente comprido. Tenho de esperar que aumentem o seu comprimento na outra ponta. Um cabo molhado fica pesado e a ondulação não ajuda.

Fazem-me um sinal de que posso recomeçar a rebocar o cabo e assim faço. Passados 10m páro de novo. Mais uma vez espero e recomeço até passar o cabo à tripulação, que a força de braços tenta puxar o barco para o cais puxando pelos cabos que lhes demos. Outro colega chega e dá mais um cabo, pelo que volto ao cais.
Finalmente estabilizado o barco e confirmado que não tem rombos decidem fazer-se ao mar e procurar abrigo numa ilha maior.

Os relâmpagos iluminam a noite que a tempestade fez do dia enquanto o barco entra mar dentro. Ao longe vejo um hidroavião no horizonte tentando contornar a tempestade. Sei mais tarde que voltou para trás. Reparo então que há imensos ramos pelo chão e que há danos nas estruturas mais frágeis da ilha.

É hora de ir ter com uma aluna à sala de aulas...ainda são 17 horas e há um teste para ser feito.

Parabéns

sábado, 4 de abril de 2009

Um tipo sabe que anda a viajar demais quando os primeiros emails que recebe de parabéns são da SATA e da CP.

Aos que se lembraram deste dia, agradeço a lembrança, aos outros cá vos espero. O esquecimento vale um leitão (vocês sabem do que estou a falar!!!).