Male, dia 2

domingo, 28 de setembro de 2008




A noite foi comprida. Insisti em não ligar o ar condicionado do quarto e paguei por isso. Sem ventoinha (ligada faz barulho) e com tudo fechado por causa do barulho das motas e carros que passam e apitam a toda a hora (apesar de estar no sétimo andar), a noite foi quente e transpirante. Deitei-me às 20h00, tendo acordado não sei quantas vezes (à 01h30 ainda liguei a tv).
Acordei às 09h00, olhei para o relógio e reparei que a chamada de despertar que tinha pedido para as 07h30 tinha funcionado tão bem como o serviço wireless, ou seja, nada. Tendo combinado com o Aslaam (peço desculpa se estiver mal escrito) às 09h00 na recepção para irmos assinar o contrato e fazermos os exames médicos, vesti-me (felizmente tinha feito a barba ontem :P) e fui para a recepção, só para constatar que eram 09h10 e ele ainda não tinha chegado.


Pois bem, em Roma, sê romano, de modo que fui para o 9º andar tomar o pequeno-almoço nas calmas. É claro que assarapantado de sono como estava, não cometi a proeza de ficar na varanda à beira-precipício, pelo que fiquei no interior. Para o pequeno-almoço existia noodles, peixe feito dum modo que lhe deviam pedir desculpa e um pretenso pequeno-almoço ocidental onde não há porco (acho que vou começar a sonhar com entrecosto, costeletas e fiambre). Havia salsichas de galinha, bacon de vaca :s, fiambre de algo que não porco...mas nada de gordurinhas das boas. Ainda corro o risco de perder a barriga lusitana que me acompanha!!!
Entretanto chega o Aslaam à recepção, digo-lhe para subir, voltamos ao meu quarto para apanhar a papelada e lá vamos nós...na mota dele...sem capacete...e a furar por todos os lados. Quem diz que estar em trânsito não é giro? Experiências novas, fazer amigos, enfim...a loucura!
Vamos até à sede da agência de emprego, onde me informam que o tipo que me vai levar aos exames médicos está atrasado...não se sabe quanto, pois não atende o telemóvel (como devem calcular, por esta altura, fiquei muito surpreendido por algo não funcionar aqui), pelo que voltam a ligar ao escritório para o Aslaam me vir buscar.
Vamos para o escritório da Silver Sands, meu contratante, leio e assino o contrato de trabalho (ena...fiquei a saber que mesmo que não tenham clientes alguns, pagam-me sempre o dobro do ordenado base...a não ser que um tsunami leve o resort todo...mas também nesse caso, não creio que o ordenado me sirva de muito!) e abri uma conta no State Bank of Índia. Fantástico! Entretanto ligam da agência de emprego...supostamente chegou quem faltava, vamos de novo (não sei se já perceberam que sempre que me desloco é de pendura sem capacete numa moto pelo meio de carros e pessoas) e sou apresentado ao não sei quantos. Imaginem um tipo com 1,60 (contando salto dos sapatos), com 40kg, meio vesgueta e com um ar pintas, com camisa de colarinhos para o lado relativamente compridos. Deve ser um tipo “in” aqui no burgo. Ah...ainda não disse, mas os maldivanos são muitíssimo parecidos com os indianos em termos de tom de pele e feições.
Desta vez vamos a pé para o hospital privado cá do sítio, onde, em 20 minutos, um médico me tira a tensão (12,5-7,5...alguém sabe se isto é bom ou mau?), tiram um raio-x ao peito e fazem uma colheita sanguínea (limpinho...nem senti a agulha a entrar). Voltamos à agência de emprego, chamam o Aslaam e lá vou eu de novo ao escritório onde sou informado que não conseguiram viagem de hidroavião hoje para o resort (será que alguma coisa será a tempo e horas aqui?), pelo que terei de ficar mais um dia em Male. Porreiro pá! Estava mesmo a precisar de ficar mais um dia numa cidade sem uma biblioteca, sem um jardim, sem um museu, com ruas feias (ah...o Aslaam mostrou-me a loja representante da Sony...uuuuuu)...isto de irmos a falar na mota tem a sua piada...é como ele atender o telemóvel em andamento, falar, conduzir, desviar-se das pessoas e dos carros (ah...as motas, tal como os carros, são de mudanças automáticas)...tudo isto tem muita piada. Pode ser que depois de estar cá tempo suficiente, consiga achar piada...ou talvez não!
Agora terei de inventar o que fazer. Apesar de estarmos num dia de trabalho aqui, é domingo, pelo que terei de ver se consigo ver algum jogo da liga inglesa ou algo do gênero para me entreter. Deixo-vos com uma citação do Cousteau que consta dum panfleto da W (cadeia de hotéis e resorts donos do resort para onde vou): “O homem nasce com o peso da gravidade nos seus ombros. Carrega esse peso sobre a Terra, mas assim que submerge, é livre”. Nunca mais vejo a hora de o fazer!



Factos:
- A fanta de laranja não sabe a fanta e pouco sabe a laranja;
- Tudo o que não leve caril, não é comida;
- Dar bom dia, boa tarde ou dizer seja lá o que for ao cliente são termos desconhecidos, mas se fizermos um sorriso e cumprimentarmos, fazem um enorme sorriso de volta. Ainda não percebi se é por falarem mal inglês, se por serem olhados de cima para baixo pelos ocidentais (embora eles não saibam bem o que eu sou...perguntam sempre...ah...Portugal...aparentemente estão habituados a turistas lusos).

1 comentários:

Rafael Fraga disse...

Pá,

Para veres esses prédios todos, mais valia ficares em Odivelas...