Decidi que ir ao naufrágio seria uma bela ideia, pois o bom gigante (ver acto I) já tinha dito que gostava de lá ir um dia.
Mais meia hora de caminho e estávamos lá, no Fesdhu Wreck. Para todos aqueles que não gastaram mil contos (na altura) por semana no britânico, é o naufrágio de Fesdhu :D
Chegados lá, faço a verificação da corrente, que constato existir, mas que é de nível aceitável. Dou indicação ao capitão para posicionar o barco no ponto que quero e saltamos para a água. Posto isto, começamos a descida e constato, que ao invés do que é normal, a corrente a 25m é mais forte que a corrente à superfície, mas estando lá em baixo tínhamos de lidar com ela, pelo que dirijo o grupo para bombordo do naufrágio para ficarmos abrigados da dita.
Enquanto lá estivemos a corrente foi cortada pelo naufrágio que servia de barreira, mas quando foi preciso dar a volta ao naufrágio, a corrente tornou-se mesmo forte, pelo que decidi deixar o naufragio e derivar para um recife por perto deixando-nos levar pela corrente. Deste modo, garantia um mergulho sem esforço, pois bastava controlar a posição vertical na água, sendo a corrente a nossa “barbatana-mor”.
Imaginem o meu espanto quando, ao chegar ao recife, já a 15m de profundidade (menos 10 que no naufrágio), a grega me agarra o braço, entrando em hiperventilação (respiração superficial e ofegante que não oxigena o sangue e dispara o consumo de ar da garrafa). De imediato, dou-lhe a mão agarrando-a e tento acalmá-la, pois se ela passasse dessa fase para o pânico, a coisa poderia tornar-se perigosa, pois tínhamos acabado de vir dos 25m. Entretanto chega o marido preocupado com ela, tendo ela tido uma reacção fabulosa para um casal em lua-de-mel. Começou a bater no marido (ou tentando), repudiando-o e, agarrando-me ainda com mais força, puxou-me para junto dela. Amigos: confesso que os meus anos de experiência em que já vi muita coisa e resolvi muitas situações não me prepararam para isto. Fiquei por uns instantes sem reacção, tal como o bom gigante, até que o marido decidiu deixar-nos e ir fazer umas fotos, pois é grande aficionado da fotografia subaquática.
Recuperado do espasmo cerebral que sofri durante a cena, consigo fazê-la parar de hiperventilar, pelo que continuo o mergulho para a zona mais rasa do recife (10m de profundidade), de modo a precaver situações reincidentes. Se bem o pensei, em boa hora o fiz!
(continua)
Tragédia grega, acto II
sábado, 22 de novembro de 2008
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