Somos os primeiros da 2ª série de 20!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fico deveras surpreendido com a surpresa que tem gerado o anúncio de que Portugal é o vigésimo primeiro melhor país do mundo para se viver, o que nos eleva instantaneamente ao título de melhores da segunda série de vinte. Não parecendo à primeira vista grande coisa, constatamos à segunda que até pode ser. É que, sinceramente, se fosse na Eurovisão ou no Campeonato do Mundo de Futebol pronto, tudo bem, já estamos habituados e não haveria assim grandes razões  para surpresas - mas aqui estávamos a contar com algo bem melhor, pelo menos, vá, algures entre uma das primeiras seis séries de três, ou entre umas das primeiras duas séries de nove!

Gerindo a tristeza, além da surpresa, quisemos saber mais. Mas só um bocadinho mais, que o saber, ao contrário do que se pensa, ocupa lugar. Esse estudo, baseado essencialmente nos sempre fidedignos dados governamentais, permite-nos então observar que (numa escala de 0-100 pontos possíveis):

- empatamos com a França, Samoa, Ruanda ou Etiópia no custo de vida (55), cilindrando a Itália ou os USA (56), mas perdendo para o Congo ou Sudão por escassos 2 pontos (53), países em que se pode, portanto, ter mais facilmente uma vida honrada se se for trabalhador e limpinho. Ou ambas. Nesta escala o Iraque ocupa o honroso e destacadíssimo primeiro lugar a contar do fim, com 100 pontos, e a Suécia, imbatível, com 0 pontos! - eu bem sabia que havia uma boa razão para os suecos passarem tantas férias nos Açores: é que lá, na terra deles, não tem piada fazer compras, com aqueles preços ridículos!

- a nível de liberdade, aí sim, partilhamos o pódio (nota máxima) com outros países cujo historial democrático é indiscutível, entre eles os inconparáveis Chile ou Uruguai, que assim silenciam as vozes discordantes, e ficando à frente dos modestos mas promissores USA ou o Mónaco, que têm ainda um longo caminho a percorrer no tocante a democracia e essas coisas.

- ombreamos também com os USA e Irlanda a nível de segurança, nota máxima. Países seguros, apesar da ameaça terrorista que pesa sobre as pontes de Lisboa; convém porém ter cuidado: ao viajar na RyanAir, o preço que pedem pela bagagem de porão é um autêntico roubo; não fazer Amesterdão - Detroit em companhia de individuos de que não comam carne de porco.
Evitar Iraque, Irão, Haiti ou Libéria - diz que a coisa por lá não está famosa

Para terminar, não porque seja necessário mas porque tem de ser, falemos de cultura e leisure, que é assim um misto de não fazer pívia com "não mãe, só mais um bocadinho que está tanto frio" (política também consta no dicionário como sinónimo):

- Aí, irmanados com o irritante Uruguai (72 pontos), damos uma boa lição à Holanda (71) e Espanha, humilhada nos 68 pontos (ficam francamente aquém das expectativas mas pronto, quem os mandar insistir na monarquia?) e seguimos em perseguição à Namíbia (75), Coreia do Sul (82) ou Moldávia (86), concorrentes cuja cultura florescente nos faz equacionar seriamente se será boa ideia deixar algo tão importante na mão de músicos.

Após aturada reflexão nos 20 segundos que durou a degustação de uma enriquecedora sande de queijo e fiambre, percebemos então a surpresa, partilhada com muitos apêndices anatómicos, que se generaliza nas hóstias populares: pensam que vão ser chupadas e são trincadas! E só esta indignação, profundamente alicerçada em questões de qualidade de vida, suplanta a de termos sido suplantados por 20 países no ranking!

Temos uma democracia que asfixia; autarquias em latência / presídios em potência  - os milenarmente chamados, a partir de agora, Gulags das ovas de esturjão; colónias em diversos países - Luxemburgo, Canadá, França, onde asseguramos parte significativa dos quadros executivos da enxada e do martelo e condições únicas para a importação e usufruto de mercadorias essenciais de luxo - nomeadamente, altas e loiras do Leste ou mais roliças do Nordeste.

Epá, não me digam que não merecíamos, ao menos, vá... um lugarinho entre uma das primeiras quatro séries de cinco?

P.S. A International Living é especializada em condições de vida para reformados em países estrangeiros - ou seja: "se tens uma reforma típica da classe média do teu país, anda connosco! Temos para ti uma lista de países verdadeiramente pobres onde podes viver como se fosses menos pobre!". Ah, Tugalândia: grande país para se viver... se não fores Português, claro! Nem imigrante Africano, claro! Nem Brasileiro! Nem... pronto, já chega.

1 comentários:

John Smith disse...

Brilliant post! Your interesting Azores experiences have nudged me to visit this beautiful tourist place. However, I will have to postpone this trip as I recently got a Dubai Tourist Visa online. But, I will be looking out for experiences similar to the ones that you shared in your blog. I think that Dubai will most likely offer such exhilarating and memorable aquatic experiences. Hoping to have a great time in Dubai.